sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A Vaselina, de Apollinaire.



Praça da Ópera: por uma farmácia adentro
Entra um senhor bem-posto feito um pé de vento:
“Estou com pressa”, diz. “Eu quero vaselina.”
Gentil, o boticário indaga do cliente
Impaciente
A que uso se destina
O graxo ingrediente:
“Se for para o rosto, é melhor levar da fina...
Qual?
Que tal
Este artigo
Que o senhor, sem perigo,
Pode no rosto usar?
Eu por mim recomendo sempre a boricada.”
E o cliente a bufar: “Mas que papagaiada!
Pouco me importa qual, pois é para enrabar!”
 
"Poesia Erótica em Tradução", do poeta, ensaísta e tradutor José Paulo Paes.

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